Poderia estar surgindo nova literatura no Rio Grande do Sul: a litorânea. Alguns autores escreveram novelas ou romances a respeito do mar. Dyonélio Machado deve ter sido o primeiro. Em “Desolação”, conta a história de grupo de amigos que viaja a Mostardas e enfrenta problemas mecânicos. Dorothy Camargo Gallo, com “A Estranha Amizade de Joca Machado”, fala sobre o amigo pinguim encontrado na praia do Cassino. Agora, Joelson Machado de Oliveira supera ambos com “Céu de Oceano”.
Trata-se de novela poética acerca do adolescente Dino, contratado para cuidar de navio perto de Mostardas. O rapaz conhece pessoas humildes, como o velho Serapião e, no final, termina se envolvendo com Isabel. A obra desperta sensação poética delicada a respeito das pessoas. É humana e bonita como “The Old Man and the Sea”, de Ernest Hemingway, mas, ao contrário do norte-americano, desenvolve o mundo sensível, explorando a sinestesia: “A espuma branca bordava, como uma renda, o casco negro do imenso barco” (p. 3); [...] “o vento forte varria o grito das gaivotas” (p. 35). [...] São essas algumas das figuras de linguagem garimpadas na obra, mostrando a possível origem poética do seu autor. É uma pequena obra-prima. Se tiver a atenção merecida da crítica, tem condições de ingressar no cânone da literatura sul-rio-grandense.
Eduardo Jablonski
Nenhum comentário:
Postar um comentário