Por muitos considerados um dos assuntos mais banais, assim mesmo parece que os séculos passarão e nenhum outro tipo de esporte substituirá e tomará o lugar do futebol no espírito do povo. O mesmo vale para o seu oposto, o xadrez, onde o esforço é solicitado à mente.
Não significa que o jogador de futebol dispense a inteligência, mas, óbvio, é um jogo onde o treino, o preparo físico, as manhas e o talento jamais podem ser esquecidos.
O tema veio à baila a respeito da célebre partida entre o Brasil e a Espanha, no jogo decisivo da Copa das Confederações em 30 de junho de 2013.
Estava em plena ebulição o clamor das ruas, a onda de protestos, onde os jovens repetiam o que fizeram os franceses em 1968, deixaram de ser conduzidos a cabresto e manipulados pelos seus representantes, sempre apregoando fazer muito, mas aparentemente nada do almejado pelos seus eleitores.
Aconteceu um fato talvez nunca registrado na história do Brasil. Um número significativo de torcedores não assistiu à partida, continuaram em sua marcha de protestos, não abandonaram o posto assumido, muitos puseram em dúvidas a seriedade do jogo, julgando um golpe para acalmar os revoltosos e perderam o que foi certamente um dos mais bem jogados espetáculos de futebol.
Óbvio que, mais calmos depois, acredito que muitos apelaram para a internet, mesmo pairando a suspeita de cartas marcadas, de golpe para acalmar a massa, como quem dá balinhas para crianças revoltadas. Porém, cabe salientar o quanto esta partida chamou a atenção. Acima do fato de o Brasil ter sido pela quarta vez o campeão, pedindo vênia pela falha de memória, todavia, parece, tivemos apenas três bolas fora de campo e só uma vez trocaram a pelota. Os gandulas puderam apreciar cada lance, esquecidos de suas funções.
Só no tempo de Pelé e Garrincha alguém comentava um lance como o de David Luiz, com aquele carrinho elevando a bola aos espaços, quando a mesma passou pelo goleiro, totalmente incapaz de retornar e salvar o gol certo dos espanhóis. Já vi casos em que o zagueiro fez um gol contra, entrando com bola e tudo na goleira. Pois o nosso jogador, na sua atitude feroz e eficaz, mandou a bola para o espaço e seu deslocamento de homem bala só foi detido pelas redes.
Contudo o que vale salientar neste jogo foi o fato de a bola permanecer quase constantemente dentro do campo, sem aquele horror dos jogos continuamente interrompidos.
Cabe ainda salientar que a copa de 2014 está aí, com os seus senões, com até a história de a FIFA ter se arrependido de escolher o Brasil, pois o nosso país, talvez equivocadamente, com a ideia de se mostrar o verdadeiro país do futebol, frustrou o povo esquecendo a maioria de seus deveres básicos e inadiáveis. Porém, a voz das ruas veio a comprovar que o povo não se deixa levar apenas por circo. Não esquecendo que o nosso país é o único a participar de todos os Mundiais.
Amanhã a Arena do Grêmio terá o seu primeiro Gre-Nal. Cabe lembrar o primeiro jogo do Grêmio com o Inter, nos Eucaliptos, em 1931, onde o colorado ganhou por 3 x 0. Na inauguração do Olímpico, em 1954, o colorado também ganhou, desta vez de 6 x 2. Contudo nenhum colorado esquece o primeiro Gre-Nal da história, de 18 de julho de 1909, quando o Inter levou 10 x 0, o segundo, de 19 de julho de 1910 onde a surra foi menor, 5 x 0 e o terceiro, de 23 de junho de 1911, com o placar de 10 x 1 para o Grêmio. O Colorado veio a ganhar no 7.º Gre-nal, de 31 de outubro de 1915, por 4 x 1 permanecendo vencedor até o décimo.
Outro assunto polêmico do futebol foi o craque Ronaldinho Gaúcho receber o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras. Os promotores do galardão se justificaram dizendo que futebol também é cultura. Ninguém duvida, folclore também é cultura, qualquer conhecimento é cultura, mas o prêmio da ABL aparentemente seria para autor de obras literárias.
Mesmo queimado no Brasil (não é trocadilho com o nome de seu pai: Pedro Queima Coelho de Souza) o escritor Paulo Coelho, se não estamos desatualizados, foi três vezes premiado na França: Grand Prix Littéraire Elle, 1995, Chevalier des Arts et des Lettres, 1966 e, o mais polêmico, Chevalier de l’Ordre National de la Légion d’Honneur, 1999.
Comentando esse assunto, da última premiação, com um dos mais célebres crânios da atualidade, o professor Armindo Trevisan, ele respondeu na sua modéstia: Isso é para a gente perder a mania de considerar os outros países mais cultos que os brasileiros.
No dia seguinte a esse texto soubemos o resultado do 1.º Gre-nal na Arena do Grêmio: 1 x 1.
Luiz Nicanor
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