quarta-feira, 4 de julho de 2012

Mulher Invisível

            Marcos entrou no elevador de um Shopping em Porto Alegre e sentiu um perfume que o deixou completamente inebriado. Começava ali o mistério, a procura da mulher invisível.

            Quando Marcos desceu no terceiro andar, na área de roupas masculina e feminina, decidiu comprar calça, camisa, sutiã e calcinha. O perfume tomou conta daquele ambiente; ficou com vergonha de perguntar para o vendedor se era ele quem o estava usando, uma vez que era adocicado, não combinava com aquele homem. Saiu daquele local, entrou no elevador e decidiu ir até o quarto andar, para ver, na perfumaria, se descobria quem havia comprado aquele intrigante perfume. A vendedora, muito bonita, tinha olhos verdes bem pintados, perguntou se Marcos gostaria de comprar algo. Ele ficou por um instante pensativo, parecia estar sonhando, e imaginou: será que é esta moça bonita que está usando esse perfume maravilhoso. Novamente a vendedora chamou sua atenção e perguntou-lhe se gostaria de comprar alguma coisa. Marcos acordou do transe momentâneo e disse-lhe que procurava uma colônia masculina. Ela indicou um lançamento, era perfume Francês, e ele nem sentiu a fragrância, comprou sem experimentar, como era de seu costume.

            O dia estava maravilhoso, o sol brilhava, era uma tarde de verão daquelas, fazia mais de trinta graus. Marcos, ao sair do Shopping, passou na sorveteria e tomou refrigerante misturado com sorvete. Por um momento aquele perfume indescritível lhe veio ao nariz; deixou tudo em cima da mesa e saiu rapidamente dali. Pensou que estava ficando louco, foi direto ao paradão de ônibus. Esperou quinze minutos, e nada de passar a linha Auxiliadora. Resolveu pegar um táxi, esticou a mão para o primeiro que passou na sua frente. Quando estava dentro, no banco traseiro, veio aquele perfume no ar, teve a certeza de que só podia ser de mulher. Pegou o taxista no ombro e sacudiu-o: por favor me diga quem esteve dentro deste carro antes de mim. O motorista ficou todo arrepiado com aquela mão gelada e inesperada, ele era apenas um garotão e tinha pouca experiência dirigindo táxis. Falou para o passageiro que tinha sido a mulher mais linda que ele já havia transportado. Marcos ficou mais curioso ainda e pediu que o levasse até aquela mulher, pois estava o dia todo sentindo o perfume dela. Tudo bem, o motorista concordou e foi levá-lo até aquela mulher misteriosa.

            Ao chegar perto da casa, logo quando o taxista entrou na rua dela, Marcos ficou espantado com o que estava acontecendo, pois ali era justamente a rua onde ele morava. Perguntou para o motorista se não estava havendo algum engano: será que não tinha entrado na rua errada? De pronto ele disse que não; não tinha como esquecer aquele trajeto, a casa onde morava sua musa. Para piorar ainda mais a situação, o motorista do táxi parou seu carro bem em frente à casa de Marcos e ainda brincou: aqui é que mora o meu amor! Marcos, indignado, pagou o taxista e desceu, todo cismado. Quando entrou no portão, sentiu o melhor perfume que sentira em toda sua vida. Entrou em casa pé por pé, foi até a cozinha, não tinha ninguém; no banheiro também não havia; resolveu ir ao quarto: lá estava o frasco vazio de perfume bem em cima do criado mudo e com ele um bilhete inesperado.

            Hoje quem está feliz é o taxista, pois aquele perfume não sai mais de dentro do seu carro, até lingerie ele estreou naquela noite junto com seu amor.

Maurício Collar

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