por Joelson Oliveira
O vento balançava os eucaliptos no lado de cima do açude, já perto das mangueiras. O gado arrepiado berrava no correr da cerca.
Fazia um tempo que havia morrido Chico Maranhão, homem trabalhador que morava no beco dos Cardoso, próximo do Passinho. Carreteava para Porto Alegre, levando rapaduras e outras coisas.
Ficara a esposa “Mariazinha Maranhôa”, com era conhecida, juntamente com as três filhas que pegara para criar.
Trabalhava com o S. Tolentino das Neves um chamado Catarina, de nome João, nos serviços da roça e do gado.
Certa feita, o Catarina começou a visitar a Mariazinha Maranhôa. Ela era bem mais velha do que João, o pretendente. S. Tolentino um dia falou para o empregado: - Oh João. Só pode ser por interesse que tu estás passeando lá na Mariazinha. – Não é nada S. Tolentino, eu gosto dela.
Diante daquela declaração, S. Tolentino ajudou o empregado a casar e, dentro em pouco, Catarina estava morando na casa da pretendida.
As filhas de Mariazinha cresceram e foram casando. Uma delas casou com um filho da Nicota Rocha, as outras já estavam se ajeitando.
Um tempo depois, João Catarina foi na cidade e lá comprou uma agulha, que dizia que era para matar porco.
Logo em seguida foram matar uma leitoa na casa do S. Tolentino. João puxou da agulha e pediu para sacrificar a bichinha. Mirou no coração da leitoa e enfiou a agulha. Foi só um suspiro e pronto.
Mariazinha Maranhôa, que já andava meio desconfiada, botou as barbas de molho, ou melhor, o bigode, pois a vivente era bigoduda e bem mais velha que o companheiro Catarina.
Certa noite, João com desculpa de fazer carinho na Mariazinha, começou a alisar o peito da mulher. Quando levantou o seio e ameaçou enfiar a agulha, Maranhôa botou a boca no mundo: - Socorro, socorro!
Na calada da noite, João agarrou Mariazinha pelo pescoço e começou a apertar. Enquanto teve forças a mulher gritou. Mariquinha, uma das filhas de criação, que ainda morava junto, levantou em socorro da mãe. A porta do quarto estava fechada por dentro. Como era uma porta de madeira, simples, Mariquinha tomou distância e se jogou de ombro, abrindo-a. Agarrou-se nas goelas do malfeitor e conseguiu livrar Mariazinha Maranhôa, que já estava quase se passando.
Não conseguindo o intento, João se mandou correndo noite afora. Nunca mais se ouviu falar no Catarina.
Mariazinha Maranhôa ficou com o pescoço numa rouxidão só, por muito tempo.
A agulha, naquela confusão, caiu no assoalho cheio de frestas. Dias depois, Nazário Pólo – que era vizinho e carpinteiro – achou-a embaixo da casa.
O estilo do Joelson ... muito bom mesmo! Só resta uma pergunta: fico com pena de quem? do Catarina ou da Mariazinha Maranhôa? Eis a questão!
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