Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho! Assim se ouviu quando Santo Antônio iniciou sua III Feira do Livro que apresentou várias atrações que de quarta-feira a sábado marcaram presença nessa edição. Como de costume, eu me trajei como um personagem literário e dessa vez não poderia ter sido outro se não um certo Capitão Rodrigo:de farda e chiripa com uma legítima espada eu fiz soar o sino de abertura com a saudação que abriu essa postagem. Entre a primeira e a ultima sineta que abriu, fique sabendo oque rolou na III Feira do Livro de Santo Antônio:
O cartunista Jerri Costa roubou a cena na praça das letras fazendo desenhos dos frequentadores em um minuto no seu uniforme preto e amarelo de Super Falcote, personagem criado pelo artista de Cachoeirinha que juntamente com sua esposa Taise Teixeira produzem revistas em quadrinhos e filmes direcionados para o publico infantil. O desenhista Júlio Oliveira também impressionou pelos detalhes de suas caricaturas, coloridas à mão em poucos minutos.
Muitos escritores participaram da feira, locais e convidados, mas o que mais cativou tanto crianças quanto adultos foi sem dúvida Pedro Bandeira, pois além de ter escrito muitos livros infanto-juvenis de sucesso como A Droga de Obediência e O Fantástico Mistério de Feiurinha, também mostrou saber usar a palavra tão bem fora do papel quando dentro dele, conduzindo o publico por declamação de histórias e discussões sobre sua obra sabendo dosar a profundidade de sua fala dirigida para um publico tão misto sem perder o conteúdo nem o encanto da forma.
Desde que as oficinas de teatro começaram a ser realizadas nas escolas, o teatro rapidamente se popularizou em Santo Antônio e os grupos formados na época se mantiveram desenvolvendo seus próprios trabalhos, alguns dirigidos pelos seus antigos professores como Alexandre Malta, Thali Bartikoski e Augusto Cardoso. Podemos ver o resultado desse trabalho na qualidade das peças e esquetes apresentadas ao longo dessa Feira, ao que também se deve ao incentivo do secretário de cultura e também ator Malta.
No primeiro dia de feira, Rizoma conta Zumbi reencenou a belíssima montagem dirigida por Augusto Cardoso com o grupo Rizoma que vem sendo elogiada desde sua estreia tanto pelo texto original de Boal e Guarnieri, mas principalmente pela interpretação dos atores Bruno Barcelos, Brenda Fernández, Vanessa Armichi, Maurício Lopez de Oliveira, Luiz Henrique Dias e Thali Bartikoski, acompanhados pelos músicos Eder Duarte, Ciro Davila e João Felipe Tondo. Embora eu tenha chegado no final dessa apresentação, pude confirmar pelos aplausos que o desempenho foi tão bom quanto o que eu assisti na estreia do espetáculo.
Outro grande destaque da Feira foi o sarau poético-musical O Poetinha conduzido pela companhia Sagatiba numa homenagem ao centenário de Vinicius de Moraes pelo apelido carinhoso que seu grande parceiro Tom Jobim o chamava. Com um roteiro simples e despojado, os atores encantaram a plateia unindo a beleza das palavras do poeta de Ipanema emoldurada pelas melodias de Tom Jobim no sax e violão convidados. Assim fechou-se a segunda-noite com o clima boêmio de saideira que o poetinha tanto gostava.
Pudemos ainda conferir as esquetes apresentadas durante a feira pelo já conhecido grupo Cogumelos Azuis que peça a peça vem solidificando sua identidade como companhia teatral. Na tarde de Sábado vimos as desventuras da incrédula Quase Morte de Zé Malandro, como também a clássica Menina Bonita do Laço de Fita, interpretada pelos atores da cia Ponto & Vírgula, ambas as peças realizadas no melhor estilo teatro de rua. Para o cansaço dos atores e suas companhias, a qualidade do seu trabalho só nos deixa querendo mais.
Não somente à Literatura se restringe a arte da palavra e algumas atrações musicais mexeram com aqueles que estavam na Feira. O músico e poeta Odilon Ramos esteve presente mais uma vez declamando o sentimento dos seus versos solito no palco e embalando o publico com suas canções, deixando a inevitável saudade que segue todas suas apresentações. O grupo de samba Os Remanescentes também mostrou a que veio na sexta-feira deixando todos os pés e mãos inquietos pelo ritmo contagiante de suas canções que iam desde os clássicos de roda até os boleros que já embalaram muitos casais. Também assistimos o baita show Ayó, de Jorge Foques, com diversas canções cantadas nos idiomas locais africanos embalados no melhor do ritmo afro.
A feira desse ano também foi marcada pelo grande número de publicações lançadas por escritores locais com destaque para a coletânea de crônicas Só Para Avisar dos alunos da turma 201 da escola municipal Cândido de Barros organizada pela professora Margareth Oliveira, em que podemos ler textos que mostram o grande potencial que nossa cidade continua tendo como produtora literária. Além desta, outras obras de relatos e estudos históricos produzidas aqui foram lançadas como Educação a Distância: vivências no Polo Universitário Santo Antônio, do POLOSAP; Ruas de Santo Antônio da Patrulha, do IHG – SAP e Mulheres Pioneiras, da SEMED. Uma publicação muito esperada foi o livro Imagens da Memória, que surgiu como uma grande movimentação na publicação e discussão de fotos antigas de Santo Antônio nas redes sociais, sendo levado pelo historiador Fernando Lauck a Fundação Museu Antropológico Caldas Junior como um projeto de seleção de textos e imagens de lembranças que contam aspectos interessantes de nossa história.
Quando falamos de publicações locais, o Poesia na Praça é certamente um dos mais lembrados pela sua qualidade e trajetória que abrange 24 edições neste ano, contando com inúmeros colaboradores, iniciantes e experientes, refletindo o principal objetivo do Grêmio Literário Patrulhense que o organiza no intuito de incentivar e fomentar a expressão literária no município. A movimentadíssima sessão de autógrafos foi tomada por um clima de alegria numa confraternização entre amigos apaixonados por literatura.Juntamente da antologia foi feita um novo lançamento do livro Prosa na Varanda – Crônicas, onde foi deixada uma cadeira vazia ao lado dos integrantes do projeto representando a ausência do colega participante Nelson Osíris, falecido um mês depois do lançamento do livro e do qual ele foi o primeiro a ressaltar a importância de dar continuidade à publicação para o ano seguinte. Ao fim da Feira exibiu-se uma homenagem póstuma ao escritor Nelson Osíris, produzida pelo seu sobrinho Guilherme Vargas a partir de vídeos e fotos da família e narrado pelo irmão de Nelson, Luiz Nicanor, com quem dividiu vários momentos de sua vida. Uma longa salva de palmas seguiu o fim do vídeo manifestando a saudade de todos que tiveram a honra de conviver ao menos um pouco com essa inesquecível personalidade.
Encerrou-se a Feira com as homenagens aos patronos Joelson Oliveira e Vera Maciel devido a sua contribuição ao reconhecimento da história de Santo Antônio nos gêneros literário e científico, respectivamente, também salientando o grande envolvimento que ambos tiveram antes e durante a feira, desde a visitação nas escolas até a presença constante ao longo da Feira. E assim, meus amigos, soou o sino uma última vez deixando uma saudade dos amigos que conheci, revi e vivi a literatura. Aquele abraço!
Felipe Essy
Que legal Felipe!! Obrigado pelo carinho e destaque em teu blog! Espero ser convidado para a próxima feira!!! Adorei!!
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