domingo, 19 de janeiro de 2014

Carta ao Ódio Romântico

por Felipe Essy


      É incrível como a primeira impressão que temos das pessoas mais queridas para nós às vezes são as piores. Um “oi” sem vontade, um olhar estabanado, qualquer coisa transforma aquele sujeito imediatamente no seu arqui-inimigo por que foi a vontade do destino, mas um dia acontece o improvável e você descobre que estava diante da sua nova companhia favorita. Assim, com a mesma falta de fundamento que começou, a guerra vira namoro na beira da cerca: esquecem-se os maus entendidos e todas as rixas viram piadas internas, originando as grandes amizades.

     Elas são uma feliz descoberta que parecem não ter nenhuma explicação melhor do que um piparote do destino. Curiosamente nossas relações mais sólidas acabam igualmente de modo inesperado e nos surpreendemos com quem continuou ao nosso lado, o querido rival de outros tempos. Por isso eu dedico esse texto aos meus ex-desafetos, que araram com toda raiva o meu coração e acabaram caindo de amores na cova que fizeram para mim. A você, leitor, todo afetuoso ódio do mundo.

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